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Com mais de 600 participações presenciais e 4.424 acessos via transmissão pela web em 26 países além do Brasil, foi encerrado ontem (02/03) o Workshop A, B, C, D, E do Vírus Zika, promovido pela Fiocruz Pernambuco, no auditório da instituição. O evento reuniu por dois dias (1 e 2 de março), pesquisadores nacionais e internacionais, que trocaram informações sobre aspectos clínicos, epidemiológicos, diagnósticos e biológicos do vírus zika, além de vetores e outras arboviroses.
No primeiro dia do workshop, as apresentações e discussões envolveram questões relacionadas à parte clínica da doença e dos casos de microcefalia relacionados com o zika e os estudos epidemiológicos que estão sendo realizados. Um dos palestrantes desse dia foi o médico e membro do Comitê Técnico do Ministério da Saúde Carlos Brito. Um dos primeiros profissionais a perceber o surgimento da zika no estado, Britou falou das complicações relacionadas a esse vírus, como a Síndrome de Guillain Barré.
Já a médica Adriana Melo, do Instituto de Saúde Pública Elpídio Almeida (Campina Grande/PB), alertou para a necessidade de se olhar outras questões relacionadas ao vírus zika e não só a microcefalia. Em sua apresentação, ela relatou ter registrado casos de bebês com ventrículomegalia, que aumenta a espessura dos ventrículos, diminuindo a quantidade de tecido nervoso no cérebro. Adriana também contou ter diagnosticado fetos com contratura muscular e articular.
A pesquisadora da Fiocruz PE Celina Turchi, falou sobre “Epidemiologia da microcefalia no Brasil”, onde abordou também a pesquisa de caso controle que investiga a relação de fatores genéticos e ambientais e de doenças infecciosas com o aumento dos casos de microcefalia. No estudo, coordenado por ela, estão sendo comparados os dados de 200 crianças microcéfalas, nascidas vivas ou mortas, com 400 crianças sem essa malformação congênita. As atividades desse dia foram encerradas após as apresentações de seis pesquisadores internacionais que estão ajudando pesquisadores nacionais a acharem respostas para as muitas perguntas surgidas com esse problema de saúde pública.
No segundo e último dia do evento, o desenvolvimento de vacina, as arboviroses, o diagnóstico e o vetor da zika foram os temas abordados. Ana Maria Bispo, chefe do Laboratório de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), tratou dos desafios e avanços da vigilância do zika no estado do Rio de Janeiro. As informações que precisam ser conhecidas antes de se desenvolver uma vacina foram indagadas pelo pesquisador Ernesto Marques da Fiocruz PE. Uma das informações a serem conhecidas é a capacidade do vírus zika em causar malformações congênitas, de forma que, ao ser produzida uma vacina com partes do vírus, por exemplo, não haja o risco dessas malformações ocorrerem.
No campo do controle do vetor e da interação vírus/vetor, a pesquisadora Constância Ayres falou do estudo que investiga se o Culex quinquefasciatus, mosquito mais comum no Brasil, pode ser transmissor do zika. Dados preliminares apresentados por ele no workshop mostram que o vírus zika foi encontrado na glândula salivar do C. quinquefasciatus, quando infectado em laboratório. Isso não comprova ainda que o mosquito é transmissor do vírus. Para verificar essa possibilidade será realizada uma segunda etapa da pesquisa, na qual mosquitos dessa espécie serão coletados em campo para pesquisa de infecção natural.
Para o coordenador do Workshop A B, C, D, E do Vírus Zika, o diretor da Fiocruz PE, Sinval Brandão Filho (foto), o “evento foi um sucesso e superou as expectativas da comissão organizadora em número de participantes. Tivemos também um elevado nível das palestras, assim como excelentes debates após cada sessão, em busca do conhecimento sobre os vários aspectos abordados sobre a doença, seu diagnóstico e vetores envolvidos”.
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O diretor da Fiocruz Pernambuco, Sinval Brandão Filho, foi uma das autoridades recebidas, na manhã desta quarta-feira (24/02), pela diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan. O encontro aconteceu no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), local escolhido pela gestora para conhecer de perto as ações desenvolvidas no combate às doenças causadas pelo Aedes aegypti (dengue, zika e chikungunya) e os casos de microcefalia provocados pelo vírus zika.
Na ocasião, a pesquisadora-visitante da Fiocruz PE Celina Turchi, responsável pela coordenação do grupo interinstitucional que investiga a relação do zika com a microcefalia em Pernambuco, teve a oportunidade de explicar à líder da OMS como esse trabalho vem sendo conduzido no Estado e alguns dos resultados já obtidos. Animada com o relato, a gestora mundial, assim como os seus assessores, pediram para que a equipe pernambucana os deixasse a par do progresso do estudo. À tarde, Margaret Chan seguiu para Bio-Manguinhos, unidade da Fiocruz no Rio de Janeiro responsável pela produção de medicamentos e vacinas.
Estiveram presentes ao evento no Imip o ministro da Saúde, Marcelo Castro; a diretora da Organização Pan-Americana de Saúde, Carissa Etienne; o secretário de Saúde de Pernambuco, Iran Costa; o secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia; e o presidente do Imip, Gilliatt Falbo.