A Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) atualizou nesta quinta-feira (21) a caracterização preliminar da Síndrome Congênita do Zika, após uma reunião internacional, em Pernambuco. O evento juntou cientistas do Brasil, da Colômbia, da Argentina, dos Estados Unidos, da OPAS e da OMS para investigar os detalhes da infecção pelo vírus zika e seus efeitos sobre a criança.
A atualização busca contribuir para a melhoria do atendimento realizado em serviços de saúde das regiões afetadas. A OPAS/OMS está liderando o processo de agrupamento e revisão de mais evidências para definir claramente esses efeitos e atualizará sua descrição assim que mais evidências forem produzidas.
Além de sinais conhecidos anteriormente, como microcefalia e distúrbios no cérebro descritos previamente, foram identificados outros aspectos que caracterizam a Síndrome Congênita do Zika – relacionados a achados clínicos, laboratoriais/imagens, de desenvolvimento psicomotor e físicos.
Essas características englobam condições clínicas e achados de neuroimagem principalmente relacionados com o sistema nervoso central, como a epilepsia, deficiências auditivas e visuais, e desenvolvimento psicomotor, bem como os efeitos sobre os ossos e articulações, ou o sistema osteoarticular. Essas condições foram caracterizadas e analisadas em termos de frequência e gravidade nos períodos pré-natal, neonatal (de 0 a 28 dias) e primeiro ano de vida da criança.
Os cientistas analisaram revisões sistemáticas de dados sobre zika e compartilharam experiências do Brasil e da Colômbia. Eles receberam uma visão geral da situação epidemiológica, apresentada pelo Gerente de Incidentes da OPAS para Zika, Sylvain Aldighieri, e visitaram instituições de saúde no Recife que atendem crianças com microcefalia e outras condições associadas com a infecção pelo vírus zika.
De acordo com os especialistas, “a gama de distúrbios observados e do nexo causal provável com infecção pelo vírus zika sugerem a presença de uma nova síndrome congênita. A OMS pôs em prática um processo para definir o espectro da síndrome. O processo foca em mapeamento e análise das manifestações clínicas englobando os distúrbios neurológicos, auditivos, visuais e outros, além de descobertas relacionadas a neuroimagem”.
As informações sobre as complicações decorrentes da infecção pelo vírus zika ainda é limitada, e os cientistas planejam compartilhar dados sobre diagnóstico, descrição, consequências, processos físicos e análise de evidências de clínicos e pesquisadores a respeito das principais descobertas que fizeram até o momento.