Matéria publicada no dia 1º.01.17 no Portal da Folha de Pernambuco. Matéria na íntegra AQUI.
No primeiro dia do ano, especialistas em diversas áreas preveem as ações necessárias para que o Brasil e, em específico, Pernambuco, corrija, melhore ou deslanche em relação a 2016. Sobre segurança, o professor da UFPE Jorge Zaverucha conta como sair do panorama caótico em que o Estado se encontra. Na Educação, o coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, explica que o País deve voltar ao caminho que trilhava até 2015. Confira opiniões de especialistas também em outras áreas.
Sinval Pinto (Fiocruz) - Pesquisador
O ano de 2016 foi um ano muito de trabalho e importantes conquistas no campo da ciência e saúde pública em nossa região e no país, com várias contribuições ao melhor conhecimento de arboviroses como a zika, além de chicungunha e dengue. Esperamos um 2017 com novas conquistas para o melhor conhecimento destes e de outros problemas de saúde em projetos de pesquisa que a Fiocruz em Pernambuco desenvolve em varias áreas e agravos em saúde. Apesar de um panorama orçamentário adverso desde 2015, a comunidade científica brasileira vem dando respostas e avançando em várias frentes do conhecimento. O grau de competência e capacidade instalada duramente conquistados desde a década passada foram obtidos por que houve um patamar de investimento pelas agências de fomento regular neste período. É preciso termos claro em mente que o aporte regular e contínuo em ciência e tecnologia não são gastos correntes como outros quaisquer, mas sim investimentos absolutamente fundamentais para um país alcançar um patamar de desenvolvimento que já alcançaram aqueles que estão no rol de países desenvolvidos em CT&I (Ciência, Tecnologia e Inovação), no sentido mais completo desta qualificação. Nossa comunidade científica ja deu mostras do que é capaz caso estes investimentos sejam regulares e contínuos. Dados de produtividade e cientometria nos colocam entre os doze países que mais produziram artigos nos últimos cinco anos. Outros destaques de grande relevância de liderança na qualidade da pesquisa desenvolvida em nossa região foram alcançados e reconhecidos pela comunidade científica internacional, como por exemplo, o êxito obtido pelo nosso grupo de pesquisa sobre a epidemia de microcefalia (MERG) sob a liderança de Celina Turchi, que em estudo publicado em setembro no The Lancet Infectious Diseases, uma das mais prestigiadas revistas cientificas do mundo, demonstrou em um estudo epidemiológico de caso-controle a associação entre o vírus zika e microcefalia, o primeiro trabalho categórico que demostrou esta associação e que amplamente foi reconhecido, com a indicação pela Nature de Celina com uma dos dez cientistas mais importantes do mundo em 2016.
Neste sentido, nossa SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) vem constantemente apontando estes avanços duramente obtidos e alertando para o perigo de perdermos este patamar caso não haja o investimento regular emCT&I. É esta política de investimento contínuo, associado da mesma forma ao investimento em Educação Pública, que vai colocar o Brasil em um novo patamar de liderança internacional. Não existe mistério, é o obvio, como já apontaram no passado intelectuais do porte e liderança de Anísio Teixeira, Darcy Ribeiro e Paulo Freire, reconhecidos internacionalmente por diversas Universidades do mundo e pela UNESCO. Portanto, não há muito a apontar a mais como a melhor expectativa e perspectiva para 2017 do que continuemos avançando e consolidando o que já foi conquistado, do que a recuperação dos investimento em CT&I, para que Pernambuco e o Brasil continuem falando para o mundo do que são capazes.